Muito que bem, queridos camaradas, essa é a hora de abraçar o escuro e se meter com os perigos noturnos hahah em nossa mais recente transmissão ao vivo realizada na plataforma Substack, eu, Filipo Brazilliano, agitador literário e redator do Portal Cataprisma, me reuni com Auryo Jotha, apresentador do podcast Café com Ossos, para receber o escritor mineiro Igor Cabrardo. Inclusive, o encontro já está disponível em vídeo no YouTube e em áudio no Spotify.
Igor conversou conosco sobre sua trajetória na literatura de horror, tanto como escritor quanto como organizador de antologias. Entre os projetos que já participou, estão Queepunk: Contos de um Brasil plural (2022, independente), uma coletânea de histórias fantásticas com protagonismo LGBTQIA+ e inspirações nos variados estilos punk; LGBTerror (2024, Diário Macabro), voltada para o terror com temática LGBTQIA+; e História de Horror Brasileira: BH Soturna, publicada de forma independente em parceria com os autores Bernardo Neto, Mike Eros e Filipe Damiani. Esta última reúne narrativas sombrias ambientadas em Belo Horizonte e arredores, cenário recorrente nas histórias do autor.
A inspiração para essa antologia surgiu após assistir à décima primeira temporada da série American Horror Story, que dialogou com questões profundas sobre identidade e pertencimento, temas com os quais me identifico fortemente. A série me fez refletir sobre o potencial narrativo de Belo Horizonte e de Minas Gerais, com sua riqueza cultural e suas lendas locais que sempre me tocaram intimamente, por conta da minha relação pessoal com o horror e com o gótico.
Durante o bate-papo, Igor explicou como encontrou na escrita de horror uma maneira de expressar suas inquietações e refletir sobre o mundo ao seu redor. Conversamos sobre sua formação em Letras, suas pesquisas dedicadas à literatura gótica e ao horror, e de que forma esses estudos influenciam sua produção literária.
Ele também compartilhou sua trajetória como contista, desde os primeiros textos na juventude até a decisão de se dedicar profissionalmente à escrita, passando por momentos de crise e reinvenção
Igor Cabrardo falou ainda sobre o início de sua participação em editais literários e sua primeira publicação como autor, na antologia Abismo do Mal (2019, Alura Editorial). Organizada por Gabriel G. Sampaio, a coletânea presta homenagem ao horror clássico de H. P. Lovecraft, reunindo contos de terror cósmico com a proposta de reinventar o gênero a partir de uma perspectiva brasileira. Foi nesse contato com um espaço mais democrático de produção literária que ele percebeu um novo caminho, e desde então não parou mais de escrever nem de organizar outras antologias.
Sobre progressos e superações que fez ao longo do tempo enquanto autor, Igor Cabrardo contou que acredita ter progredido com relação à segurança e conforto em relação ao seu trabalho literário. Ele disse que antigamente ele tinha um pouco de vergonha quando precisava divulgar suas histórias publicadas, mas aos poucos foi ganhando confiança.
Eu entendi que eu não preciso mais ficar inseguro como antes, nem me comparando com outras pessoas. Existem outros textos que vão se destacar em outros aspectos e vão ser melhores, e tal. Mas o meu trabalho é bom também.
Igor contou que sua formação acadêmica e seus estudos influenciam diretamente a literatura que produz. Durante a conversa ao vivo, ele comentou que, antes de iniciar o trabalho de conclusão de curso, ainda escrevia bastante. No entanto, quando mergulhou no TCC, acabou ficando sobrecarregado e passou vários meses sem conseguir escrever. Quando retomou a escrita, foi diretamente para desenvolver a antologia LGBTERROR. Nesse retorno, percebeu mudanças significativas em seu texto: a forma como abordava os temas, as metáforas que utilizava, a construção dos diálogos e da narrativa estavam mais apuradas tecnicamente. Ele refletiu que essas transformações vinham justamente do contato intenso com a teoria literária, com outros autores, gêneros diversos e formas distintas de contar histórias, adquiridos ao longo do processo de pesquisa.
Durante a transmissão, Igor também trouxe detalhes sobre seus novos trabalhos literários. Ele participa com o conto “@Vladwebster_21” da antologia VamQueer, uma coletânea dedicada a histórias de vampiros envolvendo personagens queer. Além disso, está lançando sua nova antologia solo Entre as sombras de Sodoma, que se encontra em campanha de pré-lançamento pela Editora Pel.
Ambas as obras exploram o medo relacionado ao sexo. Entre as sombras de Sodoma reúne contos variados, mas todos partem da mesma raiz temática: a sexualidade como ameaça, a libido como elemento de tensão. Um dos contos que encerram a coletânea, intitulado “O Salão da Babilônia”, exemplifica bem essa abordagem.
A conversa também aprofundou as nuances da literatura insólita a partir de uma perspectiva queer. Igor, enquanto homem gay, compartilhou a necessidade de representar sua comunidade por meio da escrita. Ao criar suas histórias, busca abordar temas incômodos e urgentes, especialmente os tabus que envolvem o corpo e a vivência LGBT+ no contexto do horror contemporâneo.
A live foi encerrada com Igor Cabrardo recomendando autores independentes que ele conhece e acompanha. Todos são brasileiros, contemporâneos e atuam na cena literária atual. Entre os nomes citados estão Helena Zamparette, Julio Rodrigues, Filipe Travanca, Marlon P. Silva, Bernardo Neto, Mike Eros e Rafael Delboni.
Essa live faz parte do podcast Jornada Literária, um braço audiovisual do Portal Cataprisma, e está disponível, integralmente, no canal do Youtube e apenas o áudio no Spotify. Dê uma moral para o nosso trabalho e engaje com o conteúdo, seja comentando, enviando amores ou compartilhando nas redes sociais.
Sigam o Auryo Jotha e o Igor Cabrardo nas redes sociais e acompanhem seus trabalhos no cenário da literatura independente.
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