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Live: Comentando Fruto Podre, de Caio Liima

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Já está no ar a gravação da live onde eu, Filipo Brazilliano, agitador literário e redator do Portal Cataprisma, recebo o autor de suspense Caio Liima para uma conversa reveladora sobre seu novo livro, Fruto Podre. A transmissão foi feita ao vivo pela plataforma do Substack e agora está disponível na íntegra no nosso canal do YouTube, com versão em áudio no Spotify.

Lançado no dia 5 de julho, Fruto Podre é um suspense que começa com a descoberta de uma relação extraconjugal e o corpo do amante morto na cozinha da casa da própria família. Um drama cítrico sobre os inícios de um problema e seu perigoso fim,ao redor da árvore que constrói o amor, e das ervas daninhas que o destrói.

Caio Liima nasceu em 2000 em Nova Iguaçu (RJ), é estudante de Letras – Literaturas na UFRJ, e escreve histórias marcadas por protagonismo preto, vivências LGBT+ e atmosferas de mistério e tensão. Durante o papo, ele nos contou como ambientou a história numa versão ficcional do sertão carioca, inspirada na região de Tinguá, área de proteção ambiental cercada por mata, pesca ilegal, crendices populares e um cotidiano rural de forte presença simbólica.

Durante a conversa, Caio nos contou como trabalhou a ambientação do sertão carioca em Fruto Podre. Ele explicou que, na realidade, existe uma extensa área de vegetação protegida por APEA (Área de Proteção Ambiental) que abrange regiões como Várzea Grande, Vargem Pequena, Recreio e Camorim. Para construir a atmosfera do livro, no entanto, ele ampliou essa noção de território protegido, incorporando à ficção a região de Tinguá, em Nova Iguaçu, como parte dessa delimitação. Assim, criou uma Tinguá fictícia, também coberta por uma APA, mas marcada por atividades como caça e pesca ilegais.

Embora a Tinguá real tenha mais de 10 mil habitantes, Caio escolheu ambientar seu romance em um vilarejo isolado, quase à margem do mundo, com poucos personagens e comércios voltados majoritariamente ao consumo próprio.

“Dessa vez, minha intenção não era exatamente contar a história do lugar em si. Senti que já havia feito isso de certa forma na minha obra anterior, Céu de Asfalto. Em Fruto Podre, o que eu queria era mostrar como o lugar transforma as pessoas, e vice-versa.”

A atmosfera insólita do lugar também o inspirou. Caio relembrou uma cena da infância quando estava entrando em Tinguá de carro com a família, escutou um grito vindo do mato. Curioso, perguntou ao pai se havia alguém por lá. Só mais tarde ouviu a lenda que circula pela região: a história de uma mulher assassinada no mato, cujo espírito ainda vaga naquele local, um daqueles relatos clássicos de assombração, que ninguém sabe quando realmente começou ou se aconteceu.

Crescendo com essas narrativas na cabeça, Caio percebeu que Tinguá carrega um certo misticismo. Além da história dessa mulher, há outras lendas sobre criaturas que correm pela mata à noite. Algumas dessas histórias acabaram inspirando a construção da atmosfera do livro, contribuindo para um cenário quase mágico.

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Na conversa, Caio nos apresenta três personagens centrais da obra:

Ítalo, cresceu sem pai, filho único de uma casa silenciosa, precisou virar adulto na infância, caçando para comer, e quando mais velho vendendo. Possui um charme perigoso e uma curiosidade instigante. Quando cruza o caminho de uma família, rapidamente os enreda com seu magnetismo, mas sua vida vira de cabeça para baixo quando ele… morre.

Caio confessa que Ítalo é seu personagem favorito de escrever. Ele surgiu com naturalidade a partir do questionamento sobre o desejo de ser o amante em um casamento, tema que estrutura o enredo de Fruto Podre.

Outro personagem em destaque é Antônio, filho do campo, um homem que cresceu ouvindo mais a terra do que gente. Orgulhoso e impulsivo, e dono de uma aparência peculiar. Antônio chama atenção por onde passa e é um ótimo vendedor. Sua vida muda drasticamente ao se tornar pai por acidente.

Caio revela que Antônio foi um dos personagens mais difíceis de construir. Como era dele a responsabilidade de protagonizar uma quebra de confiança na história, o autor se esforçou para encontrar um equilíbrio: não queria que os leitores o odiassem em excesso, mas também não desejava que passassem pano para suas atitudes.

Já Tereza é a personagem que se declara, desde cedo, inimiga de Deus. Filha de pais controladores, cresceu numa casa que nunca foi sua. Ao engravidar inesperadamente, sente-se ainda mais presa ao casamento. Sua vida dá uma guinada radical ao encontrar um corpo na cozinha de casa e, pior, ao se tornar a principal suspeita do crime.

Segundo Caio, Tereza tem se tornado a queridinha dos leitores. Na sua construção, o autor se preocupou em não reduzir a personagem apenas à traição que sofre.

Essa live faz parte do podcast Jornada Literária, um braço audiovisual do Portal Cataprisma, e está disponível, integralmente, no canal do Youtube e apenas o áudio no Spotify. Dê uma moral para o nosso trabalho e engaje com o conteúdo, seja comentando, enviando amores ou compartilhando nas redes sociais.

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